domingo, junho 12, 2005
Foi há um ano...
Posso afirmar inequivocamente que não fui influenciado por qualquer tipo de telejornais para escrever esta crónica. Há dias pensei para mim: "está a fazer um ano que começou o Euro 2004", e confirmei que dia 12 de Junho tinha começado um evento que nos marcará para sempre.
Foi em Outubro de 1999 na Alemanha que foi atribuída a Portugal a organização do Euro 2004. Construiram-se dez estádios que muita controvérsia geraram, juntaram-se organização, seguranças, polícias e voluntários que queriam fazer deste campeonato o melhor de sempre. Dia 12 de Junho tudo estava pronto, íamos, durante três semanas, mostrar ao mundo aquilo de que éramos capazes. Uma cerimónia de abertura bonita, a apelar ao sentimento dos portugueses, à nossa história, e gloriosa que ela é, caravelas e tudo mais. Nesse momento pedíamos àquele grupo que nos representava que fizesse história. Naquela tarde porém as coisas não correram bem, a Grécia aplicou o cinismo que a caracterizou ao longo de toda a prova e venceu, abatendo o ânimo dos portugueses, que estavam entusiasmados, quiçá até demais com a sua selecção. No jogo seguinte muitas coias se alteraram, desde logo a equipa inicial, Scolari fez uma revolução no onze, eu vi o jogo em casa, e milhões de outras pessoas fizeram algo diferente do que tinha acontecido no primeiro jogo, e mantiveram essa suprestição até ao fim do campeonato. Portugal venceu por dois zero, o país saiu à rua para festejar. Coimbra estava inundada de ingleses e suíços que aguardavam o jogo das suas selecções no dia seguinte, festejaram connosco e ficavam surpreendidos com a nossa forma de festejar.
20 de Junho, estádio José Alvalade em Lisboa, o tudo ou nada para as duas selecções ibéricas. Um golo de Nuno Gomes resolveu a questão a favor de Portugal, e levou mais uma vez o país para as ruas. Desta vez franceses e suíços festejaram connosco, os franceses com o trompete, os suíços com a banda inteira, e ainda o famoso senhor que levava o galo para os jogos, ainda hoje guardo a sua fotografia.
Seguia-se a Inglaterra no estádio da Luz. Um acaso fez com que tivesse a oportunidade de ir ver o jogo ao vivo. Mesmo com exame próximo, achei que era uma oportuniade única, não me arrependi. Ainda hoje penso como sobrevivi àquele jogo, um ambiente fantástico no estádio, milhares de ingleses faziam a festa quando o "2 goal in a season" como eles diziam, Hélder Postiga marcou e levou o jogo para prolongamento. Mais meia hora de ansiedade. Rui Costa num golo memorável fez saltar o estádio da Luz. Os ingleses pareciam ser bem mais, mas eram os portugueses quem faziam mais barulho. A Inglaterra, ainda empatou, enfim tinhamos que ir para os penaltis. Aí um rasgo de inspiração de Ricardo levou-nos à meia final pela 2ª vez consecutiva. O estádio da luz veio abaixo completamente, ainda me emociono quando ouçou o relato do saudoso Jorge Perestrelo que tenho aqui no computador. Se há jogo em que não me importava de ter pago fosse o que fosse pelo bilhete foi esse, simplesmente inesquecível.
De regresso a Alvalade para defrontar a Holanda. Um jogo de classe, vitória segura, uma grande exibição ainda que com um calafrio na parte final. Ainda não perdoei ao realizador desse jogo não ter dado o golo do Maniche em directo. Depois foi ver um país inteiro a sair para a rua, infelizmente havia exames e depois de cantar 7 ou 8 vezes o hino nacional, de termos posto a praça de República a saltar e cantar vim para casa, esperando pela final para festejar o que todos nós pensávamos que ia acontecer.
4 de Julho estádio da Luz: na cerimónia de encerramento voltaram a ser invocadas algumas páginas da nossa história e tradição e desde logo destaco a cobertura do relvado da Luz com calçada portuguesa. A Nelly Furtado repetiu muitas vezes força mas não foi suficiente. A Grécia mais uma vez pareceu a melhor selecção do mundo, intransponível, com um grande guarda redes, com uma defesa sólida e um ponta de lança muito inspirado Charisteas, que já tinha mandado a França para casa. Os gregos ganharam e levaram a taça. Estive 24 horas sem abrir a boca, não queria acreditar. No entanto, havia pessoas que não levaram isto tão a peito e foram para a rua festejar na mesma, e saúdo-as, porque havia mais razões para festejar do que para estar triste, mas custa muito perder assim.
Mas o sucesso do Euro está muito longe de ser apenas a carreira de selecção. O ambiente trazido às cidades que receberam jogos, o ambiente de fairplay e de festa entre adeptos, um jogo da Inglaterra com o estádio inteiro a cantar, a projecção que Portugal teve, ter posto a mulheres portuguesas a falar de futebol como duas cuscas que falam da telenovela da noite, os adeptos suíços que após a eliminação da sua equipa na 1ª fase aplaudiram e festejaram com a sua equipa como se tivesse seguido em frente, será que o dinheiro paga isto tudo? Se me pertuguntassem se queria outro Euro eu diria imediatamente que sim, foi sem dúvida uma das melhores experiências da minha vida. Espero repeti-la dentro de 3 anos na Aústria e Suíça, e se houver alguém que me queira acompanhar será concerteza bem vindo.
Posso dizer que fui parte integrante desta grande organização. A uefa pagou uma quantia simbólica, mas tê-lo ia feito de borla sem a mais pequena hesitação. Ser voluntário num evento com esta dimensão é qualquer coisa...Os adeptos sempre simpáticos com o maior respeito, falavam connosco com um sorriso e gostavam de falar sobre futebol e outras coisas. Devo dizer que apanhei adeptos de muitas nacionalidades, desde ingleses, suíços, franceses, neo-zelandeses e americanos. Gostaria de destacar um grupo de adeptos ingleses que à hora do Inglaterra-Croácia estavam no estádio cidade de Coimbra a ver o Suíça-França. Quantos adeptos do Benfica foram ver o Moreirense-Braga da última jornada? Esta é a diferença entre quem gosta de futebol e quem gosta dos clubes. No fim do jogo eles despediram-se de mim e eu deles desejando-nos boa sorte para o jogo dos quartos de final. Como é bonito o desporto assim.
Enfim, a todos os níveis inesquecível...
Fim de Crónica
Foi em Outubro de 1999 na Alemanha que foi atribuída a Portugal a organização do Euro 2004. Construiram-se dez estádios que muita controvérsia geraram, juntaram-se organização, seguranças, polícias e voluntários que queriam fazer deste campeonato o melhor de sempre. Dia 12 de Junho tudo estava pronto, íamos, durante três semanas, mostrar ao mundo aquilo de que éramos capazes. Uma cerimónia de abertura bonita, a apelar ao sentimento dos portugueses, à nossa história, e gloriosa que ela é, caravelas e tudo mais. Nesse momento pedíamos àquele grupo que nos representava que fizesse história. Naquela tarde porém as coisas não correram bem, a Grécia aplicou o cinismo que a caracterizou ao longo de toda a prova e venceu, abatendo o ânimo dos portugueses, que estavam entusiasmados, quiçá até demais com a sua selecção. No jogo seguinte muitas coias se alteraram, desde logo a equipa inicial, Scolari fez uma revolução no onze, eu vi o jogo em casa, e milhões de outras pessoas fizeram algo diferente do que tinha acontecido no primeiro jogo, e mantiveram essa suprestição até ao fim do campeonato. Portugal venceu por dois zero, o país saiu à rua para festejar. Coimbra estava inundada de ingleses e suíços que aguardavam o jogo das suas selecções no dia seguinte, festejaram connosco e ficavam surpreendidos com a nossa forma de festejar.
20 de Junho, estádio José Alvalade em Lisboa, o tudo ou nada para as duas selecções ibéricas. Um golo de Nuno Gomes resolveu a questão a favor de Portugal, e levou mais uma vez o país para as ruas. Desta vez franceses e suíços festejaram connosco, os franceses com o trompete, os suíços com a banda inteira, e ainda o famoso senhor que levava o galo para os jogos, ainda hoje guardo a sua fotografia.
Seguia-se a Inglaterra no estádio da Luz. Um acaso fez com que tivesse a oportunidade de ir ver o jogo ao vivo. Mesmo com exame próximo, achei que era uma oportuniade única, não me arrependi. Ainda hoje penso como sobrevivi àquele jogo, um ambiente fantástico no estádio, milhares de ingleses faziam a festa quando o "2 goal in a season" como eles diziam, Hélder Postiga marcou e levou o jogo para prolongamento. Mais meia hora de ansiedade. Rui Costa num golo memorável fez saltar o estádio da Luz. Os ingleses pareciam ser bem mais, mas eram os portugueses quem faziam mais barulho. A Inglaterra, ainda empatou, enfim tinhamos que ir para os penaltis. Aí um rasgo de inspiração de Ricardo levou-nos à meia final pela 2ª vez consecutiva. O estádio da luz veio abaixo completamente, ainda me emociono quando ouçou o relato do saudoso Jorge Perestrelo que tenho aqui no computador. Se há jogo em que não me importava de ter pago fosse o que fosse pelo bilhete foi esse, simplesmente inesquecível.
De regresso a Alvalade para defrontar a Holanda. Um jogo de classe, vitória segura, uma grande exibição ainda que com um calafrio na parte final. Ainda não perdoei ao realizador desse jogo não ter dado o golo do Maniche em directo. Depois foi ver um país inteiro a sair para a rua, infelizmente havia exames e depois de cantar 7 ou 8 vezes o hino nacional, de termos posto a praça de República a saltar e cantar vim para casa, esperando pela final para festejar o que todos nós pensávamos que ia acontecer.
4 de Julho estádio da Luz: na cerimónia de encerramento voltaram a ser invocadas algumas páginas da nossa história e tradição e desde logo destaco a cobertura do relvado da Luz com calçada portuguesa. A Nelly Furtado repetiu muitas vezes força mas não foi suficiente. A Grécia mais uma vez pareceu a melhor selecção do mundo, intransponível, com um grande guarda redes, com uma defesa sólida e um ponta de lança muito inspirado Charisteas, que já tinha mandado a França para casa. Os gregos ganharam e levaram a taça. Estive 24 horas sem abrir a boca, não queria acreditar. No entanto, havia pessoas que não levaram isto tão a peito e foram para a rua festejar na mesma, e saúdo-as, porque havia mais razões para festejar do que para estar triste, mas custa muito perder assim.
Mas o sucesso do Euro está muito longe de ser apenas a carreira de selecção. O ambiente trazido às cidades que receberam jogos, o ambiente de fairplay e de festa entre adeptos, um jogo da Inglaterra com o estádio inteiro a cantar, a projecção que Portugal teve, ter posto a mulheres portuguesas a falar de futebol como duas cuscas que falam da telenovela da noite, os adeptos suíços que após a eliminação da sua equipa na 1ª fase aplaudiram e festejaram com a sua equipa como se tivesse seguido em frente, será que o dinheiro paga isto tudo? Se me pertuguntassem se queria outro Euro eu diria imediatamente que sim, foi sem dúvida uma das melhores experiências da minha vida. Espero repeti-la dentro de 3 anos na Aústria e Suíça, e se houver alguém que me queira acompanhar será concerteza bem vindo.
Posso dizer que fui parte integrante desta grande organização. A uefa pagou uma quantia simbólica, mas tê-lo ia feito de borla sem a mais pequena hesitação. Ser voluntário num evento com esta dimensão é qualquer coisa...Os adeptos sempre simpáticos com o maior respeito, falavam connosco com um sorriso e gostavam de falar sobre futebol e outras coisas. Devo dizer que apanhei adeptos de muitas nacionalidades, desde ingleses, suíços, franceses, neo-zelandeses e americanos. Gostaria de destacar um grupo de adeptos ingleses que à hora do Inglaterra-Croácia estavam no estádio cidade de Coimbra a ver o Suíça-França. Quantos adeptos do Benfica foram ver o Moreirense-Braga da última jornada? Esta é a diferença entre quem gosta de futebol e quem gosta dos clubes. No fim do jogo eles despediram-se de mim e eu deles desejando-nos boa sorte para o jogo dos quartos de final. Como é bonito o desporto assim.
Enfim, a todos os níveis inesquecível...
Fim de Crónica