segunda-feira, março 26, 2007

 

Grandes Portugueses

O sofá em que me sento permite-me passar belos serões de conforto. A televisão por vezes provoca o desconforto, quer pelos programas que nela passam, quer pelas emoções que estes programas provocam.
Neste caso foi mesmo o resultado final no programa. Se ao princípio destacar uma figura da nossa história parece uma óptima ideia, o resultado final acabou por ser desastroso. Vários eram os concorrentes de reconhecidos méritos, que engradeçeram Portugal, que levaram Portugal aos píncaros durante séculos. Naus que sairam e entraram, a fundação, a astúcia na negociação, a genialidade da escrita, a coragem polítca... Havia definitivamente muito por onde escolher. Mas a escolha fixou-se no século XX, em duas figuras que estiveram em lados opostos da barricada, que representam uma mobilização das respectivas fações apoiantes e o resultado foi profundamente entristecedor.
Salazar, que há meses havia sido considerado como o pior português de sempre, foi considerado agora o maior de sempre. A ambiguidade é sugestiva, mas estaria tentado a classificar Salazar como um dos piores de sempre. Porquê? Pode alguém controlar tudo e todos? Pode alguém negar o acesso à educação? Pode alguém fechar Portugal do mundo e entregar-se a uma guerra em África onde muita gente estava contrariada? Não me parece que tenha esse direito, por melhores que sejam as suas intenções, que eu não dúvido que fossem. Não sei o que levou tanta gente a votar neste homem. Bem sei que muito velhotes dizem "No tempo do Salazar não era nada assim...", mas será que isto justifica tudo?
Como se não bastasse em segundo lugar ficou Álvaro Cunhal. Não questiono o seu mérito na luta contra o ditador Salazar, foi sem dúvida importante, mas sinceramente também parece que foi este senhor que tentou instalar uma ditadura comunista em Novembro de 1975, ou não? Foi este o homem que durante anos a fio liderou o PCP, sem que houvesse mínima contestação, vá-se lá saber porquê.
Onde estão os verdadeiros portugueses? Aqueles que foram importantes? Os génios? Os corajosos? Os que arriscaram a vida em favor de outros?
Ainda assim o terceiro lugar de Aristides de Sousa Mendes é honroso. Um homem que contrariou as leis da ditadura, fazendo o que a sua consciência dizia para fazer, libertando da guerra milhares de judeus, colocando em risco tudo o que tinha incluindo a própria vida, pode-se dizer que há portugueses com bom senso.
Bem posso penitenciar-me porque não votei, mas choca-me que o pior seja também o melhor.

Fim de Crónica

quarta-feira, março 21, 2007

 

Um ano e meio depois o regresso aos relvados

A expressão "regresso aos relvados" é bem comum da gíria do futebol, mas gosto de aplicá-la a qualquer outro desporto, seja qua for a superfície sobre a qual é jogada. É verdade amigos leitores, regressei ao taco do pavilhão dos Olivais, agora denominado pavilhão Eng. Augusto Correia, em homenagem a um dos seus mais carismáticos presidentes. Já algumas vezes tinha regressado àquele lugar que durante largos anos foi o meu refúgio, o lugar onde fui bastante feliz, mas nunca me soube tão bem como hoje, porque hoje ia treinar!
A rotina que durante anos fez parte do meu dia a dia, voltou por uma vez. Chegar às 21h10 e atirar a roupa que tenho para cima da cama e vestir aqueles calções compridos, e calçar a bota com armotecedores que já não saía do armário há vários meses. Ainda são novas, ainda magoam. Às 21h20 sair de casa em direcção ao pavilhão para depois ficar naquela conversa circunstancial de aquecimento de treino enquanto. Depois vêm aqueles lançamentos desengoçados para libertar a tensão acumulada. O treinador chama então para o início, comenta o último jogo, e depois é começar a correr, a disfrutar da bola cor de laranja ta rodar no ar e fazer aquele barulho tão característico da bola que entra sem tocar no ferro.
O treino chega então ao fim, procuro o Carlitos, ele não está no meu horizonte. Começamos a arrumar as tabelas para os futebolistas que se seguem. Durante anos e anos via o Carlitos fazê-lo e nunca o ajudei, que diferença faz um treino hoje e o que era um treino há ano e meio, a forma de ver as coisas, se soubesse tinha-o ajudado sempre, quer com bolas, quer com os coletes ou as tabelas. Eis que então ele surge, do alto do seu metro e quarenta e qualquer coisa, bastante menos activo, a tossir como sempre, mas não com a mesma força. Depois abraçou-se e perguntou como estava a família, isto depois das tabelas devidamente arrumadas.
Deu para matar saudades. Um dias destes volto lá, sinto falta.

Fim de Crónica

terça-feira, março 20, 2007

 

Há dias assim

Há dias em que nada parece correr bem, em que desacreditamos naquele tesouro em que trabalhámos, em que a enorme esperança que se alimenta cai por terra só porque as coisas não correm exactamente como queremos. Podia estar-me aqui a lamentar só porque o trabalho correu mal, a martirizar-me, a rogar pragas contra tudo e todos, mas nada disso me adianta.
Mas porquê? O resto do dia teve tantas coisas positivas, tantas conversas, tantas partilhas e boas emoções?
A diferença está em olhar amanhã com um olhar positivista, e não derrotado só porque alguém tei ideias diferentes e as impõe. Amanhã vai ser um dia melhor...

Fim de Crónica

sábado, março 10, 2007

 

Crónica de um fim anunciado

Depois de tanto tempo de secura, talvez por falta de inspiração ou mais por falta de tempo, decidi voltar à carga para anunciar o fim deste blog para o próximo mês de Outubro. Deixa de fazer sentido este blog, não porque ele tenha algum tema específico, embora metade do seu conteúdo seja de cariz desportivo, mas porque se vai fechar um ciclo e apenas por isso o blog vai fechar. Haverá outro em seguida? Não o posso garantir, é conforme o lado que eu acordar quando este blog fechar. Posso garantir que não terá um nome tão obsceno como este, nem colaboradores fantasma, mas a essêcnia deverá ser a mesma, porque eu continuarei a escrever.
Sendo assim, aproveitem enquanto é tempo para me bater, para me chamar nomes, para comentar, e para visitar este espaço com tão pouco sucesso.
Um grande bem haja.

Fim de Crónica

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