segunda-feira, julho 31, 2006

 

Orval

Sem nada para fazer num domingo de tarde, pega-se no guia Michelin dos países vizinhos e depois de uma discussão procurando consenso encontrou-se uma tal Abadia de Orval na Bélgica a cerca de uma hora de caminho de carro.
Ignorar os alertas do site da Michelin de obras na estrada pode ser perigoso. O facto de este site não estar feito em tempo real deve ser levado em conta. Talvez um dia se possa aceder às câmaras da autoestrada em que vamos circular para certificar se aquele é mesmo o melhor caminho. Assim sendo, hoje em dia deve ser impossível fazer Luxemburgo-Bruxelas de carro, e por essa razão, apesar de as obras começarem pouco antes da saída que o itenerário indicava não nos livrámos de 30 minutos parados na autoestrada, sempre chato, é uma sensação de prisão nada agradável.
Depois foi só seguir as indicações, e uma espécie de mosteiro perdido entre matas nos apareceu perante os olhos. Tinha um ar relativamente recente. Na verdade é ocupado por monges circenses, os mesmos do mosteiro de Alcobaça. Pegando nuns panfletos percebe-se que após várias destruições aquele mosteiro ergeu-se, e o que se visita de facto são as ruínas do primeiro mosteiro.
As ruínas não são nada do outro mundo, mas a paz que transpirava do actual mosteiro essa sim chamou-me a atenção. Tudo parecia bastante acolhedor, sem que seja majestoso.
Mas estes monges vendem o seu produto, as visitas às ruínas, o seu queijo e a sua cerveja artesanal. É verdade, parece que é tradição na Bélgica fabricar-se cerveja nos mosteiros, e bem condimentada que ela é, com 6,1º parece ser bem apetitosa para aquelas noites de caixão à cova. Mas há outra ainda mais condimentada, que conheci nos petiscos em casa do Costa, a Chimay. Pelos vistos também é fabricada num mosteiro, mas consegue ter produção em massa, de tal forma que existe para exportação e venda comercial.
Abastecidos de cerveja e de estômago cheio com o queijo e omelete de ovos biológicos, voltamos então à base de operações do pseudo-turismo.

Fim de Crónica do enviado especial ao Luxemburgo

 

O vinho do Moselle

Se consultarem os vossos atlas que se encontram aí na prateleira e procurarem pelo rio Moselle (ou Mosel, não sei qual é a tradução exacta em português) verão que é um afluente do Reno, o segundo maior rio da Europa. Durante alguns quilómetros, este rio delimita a fronteira deste pequeno Grão-Ducado com o país mais populoso da Europa, a Alemanha. Durante vários quilómetros de estrada podemos ver na outra margem, aquela que é a maior potência económica do velho continente. Por vezes até dá vontade de passar para o outro lado só para dizer que podemos carimbar mais um país para a nossa lista, já lá vai o tempo em que se carimbavam passaportes por estas bandas. Este rio é envolvido por vales em que o cultivo da vinha é a actividade principal e fazem desta paisagem um passeio de fim de semana bastante agradável.
Circular de barco ou bicicleta se calhar proporciona um melhor espetáculo, mas à falta de alternativa viável, faz-se o caminho de carro. Cerca de 20 quilómetros de vinha, com uns catelos no topo das encostas que dominam majestosamente o vale. Cá em baixo, na estrada ao longo do rio, procuravam-se umas caves para provarar a especialidade da região. Essa oportunidade lá chegou.
Uma visita à fábrica, onde se utilizam métodos tecnologicamente avançados para fabricar o néctar desejados. Nada de romantismos, de vinho feito à mão, de uvas pisadas com pés pestilentos, nada disso tudo ali é mecanisado. Devido à latitude deste país, o vinho tinto não é muito produzido por estas bandas, e depois de prová-lo percebe-se porquê. Se alguém vos diz que determinado vinho tem menos corpo, ao beber este vinho percebe-se o que querem dizer, o vinho parece uma mistura pouco convincente. Percebe-se também que a especialidade destas caves seja de facto o espumante, que servido fresco é uma iguaria à qual só faltou o belo petisco à portuguesa, seja uns camarões para os pobres, ou lagosta para os ricos. Ainda falta provar o branco mas não deposito muitas esperanças na sua valia. O espumante, o melhor produto da região, apenas está disponível para consumo nacional, o que com quantidades tão pequenas era esperado, pouca área implica naturalmente pouca produção. E assim foi uma bela tarde de turismo vinícola.

Fim de Crónica do enviado especial ao Luxemburgo

sexta-feira, julho 28, 2006

 

Pseudo-Turismo

Como deves ter reparado, não fiz a tradicional despedida para férias que fiz o ano passado, e como qualquer blog que se preze deve fazer, mostrando, assim, ter algum respeito pelos seus leitores. Eu simplesmente não o fiz, porque a intermitência das minhas intervenções não o justifica e porque tenho a oportunidade de partilhar essa marivlhosa experiência daquilo que eu gosto de chamar pseudo-turismo. Não é turismo porque estou numa apartamento, onde vive gente durante o ano inteiro. Não é um resort, longe disso, talvez um resort fosse bem mais apropriado nesta altura, mas compromissos famaliares impõem-se e resorts talvez daqui a uns anos.
Passar férias num país massivamente ocupado por portugueses é estranho, aliás há muitos aspectos neste país que são bastante estranhos. Se calhar olham para os portugueses como invasores, mas isso destruíria toda a construção de Europa que até aqui se fez. Mas, imaginem-se a viver no vosso país, mas onde metade da populção é constituída por estrangeiros que vêm de diferentes culturas, e têm hábitos diferentes... Difícil, mas é o que aqui acontece, e por isso os estrangeiro são o bode espiatório de alguns dos problemas desta sociedade, os problemas do sistema escolar por exemplo.
Chegado há quase uma semana é difícil de quebrar uma monotonia imposta. Um calor que começa a ser normal nestas paragem desde há uns anos, sem grande possibilidade de ser contrariado, o facto de grande parte da população se encontrar em férias, e o facto de ser cada vez mais difícil fazer novos conhecimentos torna esta estadia demasiado monótona. Exemplo estranho que se passa por estas paragens é o de um campo de futebol relvado que se encontra a 200 metros de onde estou alojado, outrora com clientes habituais e funcionava como um meio de conhecer alguns nativos, agora condenado ao abandono ainda que a manutenção do relvado seja regular. Os jovens desta zona residencial de cerca de 1000 a 2000 habitantes preferem um pátio de cimento para jogar futebol. Dá Deus nozes a quem não tem dentes diria o povo. É só um dos aspectos estranhos do meu dia-a-dia nesta semi-colónia portuguesa em que me encontro.

Fim de Crónica do enviado especial ao Luxemburgo

segunda-feira, julho 10, 2006

 

O auge da nossa emoção e a azia dos Ingleses

O penalti de Ronaldo:

Na voz dos ingleses

Mais um acrescento de prémio:

Prémio Melhor Jovem do Mundial, patrocinado pela Gillete: Cristiano Ronaldo

Fim de Crónica

 

O melhor golo do Mundial


É ver e rever vezes sem conta!!

Já agora mais um prémio:

Prémio isenção e uniformidade de critérios: FIFA

Fim de Crónica

 

Arrivedecci, a 2010

Chegou ao fim mais um mundial, a verdadeira festa do futebol. Não tem dimensão comparável a mais nenhum torneio de futebol no mundo. Vamos fazer aqui um balanço do Mundial 2006, em que a vitória sorriu à Itália, que por esta hora faz a festa nas ruas de Roma. Um Mundial que teve bons golos e jogos de fraca qualidade, onde as equipas estiveram mais preocupadas em não perder do que em ganhar.

Sem mais demoras passemos à atribuição dos prémios, alguns deles bastante sui-geniris.

Prémio eu festejo golos que nem um loco: Juergen Klinsmann (Alemanha)

Prémio infertilidade: Wayne Rooney (Inglaterra)

Prémio boa onda: selecção Trinidad e Tobago

Prémio golo após puxão de cabelo: Peter Crouch (Inglaterra)

Prémio duas selecções não chegam para ganhar um jogo: Sérvia e Montenegro

Prémio fair-play: Holanda

Prémio melhor penteado: Loco (Angola)

Prémio gravata: Ricardo Lavolpe (Seleccionador do México)

Prémio ganância: Togo

Prémio nós somos os maiores mais nunca passamos dos oitavos: Espanha

Prémio desmpregado: João Ricardo (Angola)

Prémio cotovelo voador: De Rossi (Itália)

Prémio gentileza: Japão e Croácia

Prémio pontapé na porta: Zidane (França)

Prémio cambalhota: Espanha

Prémio ninguém nos ganha no último jogo: Polónia

Prémio nunca mais nos ganham seus bifes: Suécia

Prémio toma lá a bola que eu não me quero cansar: Argentina e Holanda

Prémio ai que já ficámos na primeira fase!!: República Checa

Prémio 3 em 1: Graham Pool (Árbitro Croácia-Austrália)

Prémio eu tenho um baralho de cartões: Valentin Ivanov (Árbitro Portugal-Holanda)

Prémio Grosso modo não foi pénalti: Fabio Grosso (Itália)

Prémio ensinem-me a marcar penaltis: Suíça

Prémio "ai se o futebol fosse sem balizas...": Gana

Prémio arruma o bombo e volta para casa: Manolo (Adepto da Espanha)

Prémio tenta-me marcar um penalti: Ricardo (Portugal)

Prémio Luís Campas: Carlos Alberto Parreira (Seleccionador do Brasil)

Prémio chouriço Grandi Grosso: Fabio Grosso (Itália)

Prémio autocarro branco: França

Prémio eu adoro jogar contra Portugal: Schweinstigger (Alemanha)

Prémio mergulho: Malouda (França)

Prémio o nosso mergulho é legal: Raymond Domenech (Seleccionador da França)

Prémio o cabelo vai-se: Camoranesi (Itália)

Prémio "a tua irmã é um espetáculo": Materazzi (Itália)

Prémio da outra vez fui eu que dei a vitória: Trezeguet (França)

Prémio Carreira: Zidane (França)

Prémio cabeçada no sítio errado: Zidane (França)

E assim foi o fim de Zidane, e o fim do mundial.

Se houver tempo, dinheiro e Portugal estiver lá, pode ser que a África do Sul espere por mim.

Fim de Crónica


terça-feira, julho 04, 2006

 

4 to go

É verdade, depois de tanto futebol que agora até sinto falta, já só faltam quarto partidas para findar este mundial da Alemanha. Não tem sido de todo brilhante, principalmente a fase do mata-mata. As equipas parecem mais preocupadas em não perder do quem em ganhar, o que torna difícil o aparecimento daqueles jogos memoráveis das fases finais dos Mundiais. Mas o que é certo que este Mundial já por si tem boas recordações para nós, chegar às meias não é todos os dias, foram precisos quarenta anos e outro treinador brasileiro, com méritos na conquista.

Muito do que escrevi a 19 de Junho veio-se a confirmar, com resultados neste campeonato. À excepção da vitória do Brasil com o Gana, da impressão de impotência da Itália frentes aos conterrâneos do Tio Sam, e ainda da sensação de força que a Espanha não confirmou, de facto, de uma maneira mais clara ou menos evidente, algo do que estava escrito se veio a confirmar. Visionário? Nada disso, também é preciso ter em atenção que joguei pelo seguro o que é sempre necessário quando se entra pelo campo da previsão. Vou agora tentar fazer uma análise jornalística, apesar de estar longe de o ser, às equipas que restam.

Alemanha: Cresceu como equipa com o decorrer da prova e está em primeiro lugar nas bolsas de apostas para ganhar o tetra. Ainda assim, não deixa de ser uma surpresa, havia equipas em prova com muito mais talento individual, mas apesar de toda a falta de talento conseguiram construir uma equipa sólida e coesa, que até agora se mostrou imbatível. Mostraram uma preocupação de jogar ao ataque, que se evaporou no último jogo com a Argentina. Mesmo assim, sendo equipa da casa, e estano em boa forma, acho que é o melhor adversário caso Portugal passe à final, principalmente pelo historial dos últimos jogos.

Itália: Conseguiram com mérito a passagem à segunda fase, com uma vitória categórica frente aos checos. Não vi o jogo contra a Austrália, mas fica claramente marcada por uma grande penalidade, na minha opinião inexistente pois o atacante italiano procura o contacto, a interpretação do árbitro não foi essa, mas parece-me no mínimo arriscado assinalar um penalti duvidoso no último minuto de jogo, de um jogo a eliminar num capeonato do mundo. O árbitro deve ter mesmo a certeza que foi penalti. Contra a Ucrânia mostraram o seu "veneno", fortes a defender, consistentes nas saídas para o ataque. Mostraram um traquejo que a Ucrânia naturalmente não tem, e com toda a justiça chegaram a esta meia final. Até aqui tiveram adversários teoricamente inferiores nos jogos a eliminar, tem hoje a primeira prova de fogo.

Portugal: Mostram uma segurança defensiva só comparável à dos italianos, com a diferença de terem tido adversários mais complicados na fase decisiva da prova. Sofreram apenas um golo de bola parada com o México, a melhor equipa nesse aspecto do torneio. Conseguem criar as suas ocasiões muito à custa de Figo e Ronaldo que criam desiquibrios nas alas. Pauleta tem estado bastante apagado, nomeadamente contra a Inglaterra, precisa de ser melhor servido. Apesar de não terem um histórico favorável contra a selecção francesa, o certo é que contra clubes franceses a história tem-nos sido favorável nos últimos tempos, e ainda por cima contamos com Scolari, que parece ser uma bomba para estes jogadores.

França: Renascida das cinzas no jogo com a Espanha. Os espanhóis já tinham feito o funeral à França, mas Zidane e companhia não foram na conversa. Partindo como outsiders conseguiram minimizar a Espanha e conquistaram com mérito um lugar nos últimos oito. Seguiu-se o Brasil, que, não querendo ofender os leitores brasileiros, levou um banho de bola, nomeadamente a partir do momento em que Zidane pegou na bola. É das poucas equipas que se consegue soltar para a frente e procurar vencer o jogo, talvez por ter Makalele e Vieira. Pela primeira vez nesta 2ª fase partem pela primeira vez como favoritos, vamos ver como reagem, esperemos que mal.

Fim de Crónica

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