Crónicas

Não podia deixar de tentar contornar o incontronável, até porque é impossível. Centenas de músicos uniram-se para lutar contra a pobreza em África. É sem dúvida nenhuma um acto louvável a todos os níveis, a pressão sobre os líderes mundiais é agora concerteza muito maior do que era hoje antes do Live 8, a não ser que os líderes tenham conseguido ignorar este evento o que eu acho sinceramente difícil porque eu tentei fazê-lo e não o consegui. Foi um dia de estudo realmente pouco produtivo, sempre de ouvidos no rádio e de olhos da televisão para ver uma emissão globalizada com um impacto tremendo.
A certa altura ficámos todos um pouco perdidos, e porque não dizê-lo absorvidos pelo ritmo que a transmissão tomou. Muitos dos momentos não foram emitidos em directo, lembro-me particularmente da actuação do Robbie Williams onde foram buscar uma imagem do Big Ben que marcava 21:30 e o relógio de casa marcava 22:10. Mas mesmo assim não deixa de ser emocionante ver a energia transmitida por este cantor britânico. Outro momento que me marcou foi a subida ao palco de uma criança que apareceu num dos vídeos do Live Aid em 1985 e que apareceu saudável em palco ao lado de Madonna, com uma formação superior. Pela primeira vez fiquei comovido com uma actuação da Madonna, aquela jovem ali em palco, com falta de jeito, sem saber bem o que fazer, foi um momento sem dúvida emocionante. Em termos musicais propriamente ditos gostei de alguns duetos particularmente aquele de Richard Ashcroft vocalista do Verve com os Coldplay. Neste preciso momento os Pink Floyd reuniram-se 24 anos depois e cantam juntos "How I wish you were here", um momento histórico.
Mas não deixei de pensar numa coisa, alguns daqueles que hoje actuaram pelos palcos do mundo são detentores de fortunas bem gordas e será que eles são capazes de abdicar assim tanto para combater a pobreza? Bem sei que o objectivo desta reunião não é angariar fundos mas sim pressionar o G8, mas não consegui deixar de pensar nisto várias vezes ao longo do dia.
A frase do dia na minha opinião foi de Bill Gates que disse: "se temos a solução e os meios não podemos esperar". É disto que se trata, porque apesar do Live Aid ter sido um sucesso, nem todos os casos foram como o daquela jovem etíope, a fome na Etiópia continua a matar. Não basta ser perdoada a dívida externa, é preciso muito mais do que isso. Os políticos africanos também não ajudam, estão mais preocupados em jogos de poder do que em resolver os problemas de fome. Compete aos líderes dos países do G8 pressionar estes líderes a mudarem radicalmente o seu comportamento, porque só assim a situação pode mudar. Para ajudar a esta pressão podes assinar no site oficial do Live 8 para o Bono entregar ao G8.
Cá espero pelo DVD para ver isto com mais calma que isto hoje foi um corropio que nem deu bem para apreciar o maravilhoso espetáculo.

Fim de Crónica