terça-feira, novembro 28, 2006

 

Irreversível

A vida está a tornar-se irreversível. O ritmo adquirido, a correria do dia-a-dia não deixa margem para dúvidas. Assusta-me que a vida vá ser assim, sempre a correr. Será que não tenho espaço para descansar? Para dormir? Para me refastelar no sofá a ver televisão? Tem sido difícil. De um ritmo morno, com tempo para sofá, para dormir, para soltar a tensão acumulada no corpo, para ver todos os jogos na televisão, enfim para sentir a minha própria respiração. Agora nem me lembro que respiro, nem me lembro que tenho de fechar os olhos para que eles não sequem, nem me lembro que o meu coração bate, e que se nada disto funcionasse estava a falar-vos directamente de um lugar bem mais calmo.
Estas são dificuldades inerentes a um dia-a-dia em que no mesmo ano tudo se acumulou, coisas que nos ocupam o tempo tinham de vir todas ao mesmo tempo. Mas é desfiante, saboreio melhor os poucos bocados que passo em casa, que passo com os amigos, tento tornar esses tempos, tempos de qualidade. Não sei se o tenho conseguido, mas como estou a dar muito de mim, acabo por me sentir bem com isso. Estranho não é?
E depois disto que virá. Como será quando for trabalhar. Será que ainda terei tempo para escrever aqui, para partilhar um pouco de mim? Será que terei tempo? Será que um dia na minha vida oito horas de sono serão demais?

Fim de crónica

segunda-feira, novembro 06, 2006

 

Acho que sim

Hoje apetece-me escrever e talvez por isso a coisa não vá sair muito bem.
Se dissesse tudo o que passou por mim no dia de hoje, não haveria um fio condutor do seu princípio ao fim, embora quebras de rotina tenham aparecido hoje. E por isso não vou falar do dia de hoje, nem do dia de ontem, porque acho que é desinteressante partilhar coisas absolutamente rotineiras. Vale a pena partilhar momentos especiais, viagens especiais, que poucas pessoas tenham vivido até hoje. Eu bem disse que isto não ia correr bem...
Podemos falar então de martelos pneumáticos. É um utensílio estranho, deve fazer mal às pessoas que trabalham com eles. Barulhento. Mas quando não há outra alternativa... lá tem que ser. Porque a pedra não se parte com gritos, nem com rezas, é bem mais duro que isso. A água pode fazer estragos, mas demora muito tempo a furar, mas quando fura ocupa todos os buracos. Voltando aos martelos pneumáticos, louvo a quem pega neles e quem tem vontade de esburacar até encontrar o seu tesouro, mesmo que esse tesouro seja uma conduta subterrânea ou uma canalização para reparar. Assim somos alguns de nós rochedos que alguns tocadores de martelo pneumático se encarregam de de prefurar...

Fim de Crónica

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