quinta-feira, junho 07, 2007

 

Crónica de um arraial

O cheiro a sardinha não me largou a noite inteira. A poeira voou pelos jardins cumnícos e o povo aderiu a uma festa que prometia e não desiludiu.
Estava tudo preparado para receber o povo: bandeirinhas, manjericos, febras, sardinhas, sangria, minis, a gambiarra, música pimba e uma equipa de organização de eventos amadora, mas com muita vontade e um sorriso para receber os marrões que decidiram fazer uma pausa no estudo e descontrair por uma noite de verão agradável.
Entre os últimos pormenores, o lume fervilhava e os primeiro géneros alimentares iam para a grelha não fosse alguém ter-se guardado o dia inteiro para o repasto do arraial. Começam a ecoar as primeiras batidas pimba e o povo começa a entrar. Ao princípio não eram muitos, o que fez desacreditar os mais pessimistas quanto ao sucesso do arraial. Havia que não tirar os olhos das sardinhas, não fossem estas ficar bronzeadas de mais.
Suportar o fumo e o calor não é fácil, havia que desimpedir a garganta de fumos e hidratar para que a comida mantivesse o nível de qualidade. De vez em quando dava para espreitar para o povo e ver que este ia aumentando consideravelmente. As lágrimas queria sair dos olhos, o fumo não parava de vir em relação à cara, mas por dentro também me sentia contente por ver o ambiente a crescer, a cara de felicidade nas pessoas. Pediam-se mais febras e sardinhas, e o cheiro na minha roupa era cada vez mais intenso. A música ia entretendo as pessoas enquanto comiam as febras, a sardinha e o caldo verde. Já era bem tarde quando as últimas foram para o fogo, e nos apercebemos que afinal não era preciso mais. Afinal a Típica já tocava e dava um verdadeiro workshop de danças típicas. As danças estavam bem agitadas a certa altura era ver a poeira no ar e a relva a desaparecer, mas o sorriso não saía da cara das pessoas.
Aproveitei para recuperar um pouco também e abastecer-me para aguentar o ritmo que ía na pista de dança, apesar de estar a preparar comida pode ser uma boa receita para não ter fome, como foi para mim neste caso.
O cariz da festa não se alterou, com uma pequena diferença, também eu andava lá no meio da poeira a agitar o meu pesado corpo ao som da música "deliciosa" como alguém ousou chamar.
A Típica também teve direito a descanso porque esta noite também tinha sido bem regada, e voltou a música pimba, mas desta vez com direito a baile. Apesar do meu calçado inapropriado, e os meus pés ainda mais escuros do que é normal fui para o bailarico, levantar mais poeira e sujar-me mais um pouco.
O dia seguinte é dia de estudo para a maior parte dos foliões, e por isso aos poucos estes procuravam ir à procura de um descanso confortável, enquanto o karaoke fez as delícias de quem estava com vontade de cantar, mais ou menos afinado, mas como se costuma dizer bem ou mal havia alegria para cantar.
Aos pouco o som baixou, era tempo de arrumar, e dos jacarés chegarem para consumir umas minis a preço em conta. Depois da arrumação fazem-se as contas à noite e olha-se para os rostos onde existe felicidade e cansaço.

Tudo leva a crer que este arraial será para continuar, tal foi o sucesso tremendo. Tudo leva a crer que terá sido a minha última actividade cumnista. Será esta a actividade que vou levar comigo para a vida, com o seu cartaz, com o ambiente fantástico, mas acima de tudo vou levar a equipa que levantou este arraial, mantêve-o de pé, e o desfez com a promessa de, com novos elementos na equipa erguê-lo de novo. Obrigado a todos por este ano.

Fim de Crónica

Barbaridade:
Mas que porra.
Tu tens a a capacidade única de me tocar bem no fundo. A mim, que sou um bloco de gelo!!!

Mas que porra. Porque é que sabes sempre escolher as palavras certas? O teu ultimo paragrafo deixou-me (mais uma vez) com um nó na garganta.
E com umas saudades imensuráveis...
 
Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?