sábado, março 11, 2006
Crónicas de uma doença crónica: Episódio 3
Luís andava extremamente cansado. Projectos e trabalhos para entregar em catadupa, era trabalho que lhe dava água pela barba, mas que apesar do esforço sentia-se recompensado pelo trabalho desenvolvido.
Com o abandono do andebol, começou a ter mais tempo para estudar e fazer outras coisas, mas para sua própria frustração raramente saia de casa depois do jantar, e quando saia ia com uns amigos lá do curso, para um bar das redondezas, e não se sentia minimamente realizado nesse tempo. O pior que lhe acontecia era chegar ao dia seguinte podre de sono, e sem ouvir uma palavra que lhe entrasse pelo ouvido com a devida atenção. Nesses dias à noite comia uma refeição simples, e enfiavasse no aconchego da sua cama e dormia como se não houvesse amanhã. Era um dos seus prazeres favoritos, o descanso. Pensava para consigo, que se Deus inventou o domingo é que Ele também gostaria de descansar.
Num tarde de 4ª feira, enquanto arrumava o seu quarto, encontrou a brochura que tinha trazido da Sé de Braga. Pensou seriamente em deitá-lo para o amontado de papeís que seguiam direitos para o ecoponto mais próximo. Mas sentou-se na sua cama e leu algumas das actividades programadas. Decidiu não se precipitar para o lixo, e guardar este papel por mais algum tempo. Estava à espera que Deus lhe chamasse para aquele nova aventura, no fundo à espera de ouvir alguém falhar-lhe daquele espaço de encontro e reflexão.
Um serão, estava em frente à televisão do quarto, a prestar o mínimo de atenção no que estava a ser emitido por aquele meio de comunicação. Recordou alguns momentos gloriosos da sua infância e juventude. A sua primeira namorada, a Mariana, que tinha sido sua companheira de carteira durante toda a escola primária. Tinha-lhe perdido o rasto, nunca mais sobera dela. Uma vez disseram-lhe que ela se tinha mudado par Coimbra, mas que podia ele fazer? Sorriu para si mesmo. Coisas incriveís que fazia quando era petiz. O seu grupo de amigos da aldeia era pródigo em aventuras. Recordou-se então de uma em particular, em que constriuram uma casa na árvore, Luís foi subir para ficar lá durante a tarde, os seus amigos vieram buscar alimentos e deixaram-no lá horas a esperar, e quando este quis descer daquele recanto, uma rapousa esperava-o nas raízes da árvore cinquentenária. Amedrontou-se e de que maneira, teve de esperar outras tantas horas no cimo daquele recanto acolhedor, que depois de tanto tempo lá passado se tornou intimidador.
Tanta coisa da sua vida passou naqueles momentos pela sua cabeça. O primeiro jogo pelo ABC, a sua primeira namorada a sério, a Júlia, quando estava no secundário. Chatearam-se ao fim de 1 mês, mas foi o seu primeiro namoro registado no passaporte, que até hoje ainda não contava com mais carimbos. O mundo de homens que o rodeava também dificultava o seu relacionamento com as raparigas. A sua última grande paixão Margarida, há muito que lhe parecia distante e noutra onda que não era a dele. A família em casa começava a ficar preocupava e os irmãos começavam a mandar bocas para se meterem com Luís Filipe.
Pensou nos tempos em que esteve apaixonado, e no bem que se sentia. As suas paixões deixavam-no muito mais pacífico, mais calmo e acima de tudo mais feliz. A maior parte das vezes as coisas não corriam exactamente como ele queria, mas sentia-se feliz, o seu estado de espírito era óptimo. Como é bonito o amor, pensava.
Eram 16h, tinha acabado mais uma aula prática, as coisas não lhe tinham corrido particularmente bem. Estava triste e desanimado com o trabalho. Ao sentar-se numa mesa do bar da faculdade, veio um colega ter com ele, o André Mello. Não era dos colegas com que tinha mais confiança, mas não rejeitou uma troca de palavras, não era essa a educação que os seus antecessores lhe tinham ensinado.
- Boas! - começou André.
- Então essas aulas? - perguntou Luís Miguel.
- Sempre a mesma seca, mas enfim, males necessários. E tu? Não fazes nada?
- Faço pouco eu? Ainda agora estive a programar um gerador de ondas de tensão. Correu mesmo mal... Nem quero imaginar o que o professor vai dizer quando vir aquela bela obra de arte. - respondeu ironicamente Luís
- Olha lá tu não queres vir ao CAB, vai lá haver hoje uma actividade engraçada. Ainda não sei bem o que é, mas não queres aparecer?
- CAB!? Sabes que eu no outro dia apanhei uma brochura disso por aí. Não sei se vá. Não acredito muito naquilo, aquilo já vai para o lado do fundamentalismo. Mas há gajas?
- Claro que há gajas, ou pensas que Braga inteira é este marasmo desta faculdade? Há daquelas de fazer parar o trânsito, e se não acreditas na verdadeira razão pela qual vamos lá, só o facto de saíres daqui e frequentares outros ambientes ia fazer-te bem. Acho que devias experimentar. A mim pelo menos faz-me muito bem ao espírito, dá-me outro conforto e confiança...
- Vou pensar nisso. Vou indo para a aula seguinte. Vá, grande abraço...-rematou Luís Filipe.
- Pensa bem. Até logo. Conto contigo - finalizou André.
Quando chegou a casa Luís achava-se pouco convencido, mas ao mesmo tempo tentado em ver o que era o CAB. Acabou por não resistir à tentação, aprontou-se e saiu porta fora...
Fim de Crónica
Crónicas de uma doença crónica: Episódio 2
Com o abandono do andebol, começou a ter mais tempo para estudar e fazer outras coisas, mas para sua própria frustração raramente saia de casa depois do jantar, e quando saia ia com uns amigos lá do curso, para um bar das redondezas, e não se sentia minimamente realizado nesse tempo. O pior que lhe acontecia era chegar ao dia seguinte podre de sono, e sem ouvir uma palavra que lhe entrasse pelo ouvido com a devida atenção. Nesses dias à noite comia uma refeição simples, e enfiavasse no aconchego da sua cama e dormia como se não houvesse amanhã. Era um dos seus prazeres favoritos, o descanso. Pensava para consigo, que se Deus inventou o domingo é que Ele também gostaria de descansar.
Num tarde de 4ª feira, enquanto arrumava o seu quarto, encontrou a brochura que tinha trazido da Sé de Braga. Pensou seriamente em deitá-lo para o amontado de papeís que seguiam direitos para o ecoponto mais próximo. Mas sentou-se na sua cama e leu algumas das actividades programadas. Decidiu não se precipitar para o lixo, e guardar este papel por mais algum tempo. Estava à espera que Deus lhe chamasse para aquele nova aventura, no fundo à espera de ouvir alguém falhar-lhe daquele espaço de encontro e reflexão.
Um serão, estava em frente à televisão do quarto, a prestar o mínimo de atenção no que estava a ser emitido por aquele meio de comunicação. Recordou alguns momentos gloriosos da sua infância e juventude. A sua primeira namorada, a Mariana, que tinha sido sua companheira de carteira durante toda a escola primária. Tinha-lhe perdido o rasto, nunca mais sobera dela. Uma vez disseram-lhe que ela se tinha mudado par Coimbra, mas que podia ele fazer? Sorriu para si mesmo. Coisas incriveís que fazia quando era petiz. O seu grupo de amigos da aldeia era pródigo em aventuras. Recordou-se então de uma em particular, em que constriuram uma casa na árvore, Luís foi subir para ficar lá durante a tarde, os seus amigos vieram buscar alimentos e deixaram-no lá horas a esperar, e quando este quis descer daquele recanto, uma rapousa esperava-o nas raízes da árvore cinquentenária. Amedrontou-se e de que maneira, teve de esperar outras tantas horas no cimo daquele recanto acolhedor, que depois de tanto tempo lá passado se tornou intimidador.
Tanta coisa da sua vida passou naqueles momentos pela sua cabeça. O primeiro jogo pelo ABC, a sua primeira namorada a sério, a Júlia, quando estava no secundário. Chatearam-se ao fim de 1 mês, mas foi o seu primeiro namoro registado no passaporte, que até hoje ainda não contava com mais carimbos. O mundo de homens que o rodeava também dificultava o seu relacionamento com as raparigas. A sua última grande paixão Margarida, há muito que lhe parecia distante e noutra onda que não era a dele. A família em casa começava a ficar preocupava e os irmãos começavam a mandar bocas para se meterem com Luís Filipe.
Pensou nos tempos em que esteve apaixonado, e no bem que se sentia. As suas paixões deixavam-no muito mais pacífico, mais calmo e acima de tudo mais feliz. A maior parte das vezes as coisas não corriam exactamente como ele queria, mas sentia-se feliz, o seu estado de espírito era óptimo. Como é bonito o amor, pensava.
Eram 16h, tinha acabado mais uma aula prática, as coisas não lhe tinham corrido particularmente bem. Estava triste e desanimado com o trabalho. Ao sentar-se numa mesa do bar da faculdade, veio um colega ter com ele, o André Mello. Não era dos colegas com que tinha mais confiança, mas não rejeitou uma troca de palavras, não era essa a educação que os seus antecessores lhe tinham ensinado.
- Boas! - começou André.
- Então essas aulas? - perguntou Luís Miguel.
- Sempre a mesma seca, mas enfim, males necessários. E tu? Não fazes nada?
- Faço pouco eu? Ainda agora estive a programar um gerador de ondas de tensão. Correu mesmo mal... Nem quero imaginar o que o professor vai dizer quando vir aquela bela obra de arte. - respondeu ironicamente Luís
- Olha lá tu não queres vir ao CAB, vai lá haver hoje uma actividade engraçada. Ainda não sei bem o que é, mas não queres aparecer?
- CAB!? Sabes que eu no outro dia apanhei uma brochura disso por aí. Não sei se vá. Não acredito muito naquilo, aquilo já vai para o lado do fundamentalismo. Mas há gajas?
- Claro que há gajas, ou pensas que Braga inteira é este marasmo desta faculdade? Há daquelas de fazer parar o trânsito, e se não acreditas na verdadeira razão pela qual vamos lá, só o facto de saíres daqui e frequentares outros ambientes ia fazer-te bem. Acho que devias experimentar. A mim pelo menos faz-me muito bem ao espírito, dá-me outro conforto e confiança...
- Vou pensar nisso. Vou indo para a aula seguinte. Vá, grande abraço...-rematou Luís Filipe.
- Pensa bem. Até logo. Conto contigo - finalizou André.
Quando chegou a casa Luís achava-se pouco convencido, mas ao mesmo tempo tentado em ver o que era o CAB. Acabou por não resistir à tentação, aprontou-se e saiu porta fora...
Fim de Crónica
Crónicas de uma doença crónica: Episódio 2